PVC é alternativa para superar as dimensões continentais do Brasil na universalização do saneamento básico

Cloro corresponde a mais da metade do peso dos tubos de PVC, os mais empregados para entrega de água tratada e coleta de esgoto.

Com uma área de 8.514.876 km², o território brasileiro tem extensão equivalente à Oceania (8.525.989 km²) e um pouco menor do que toda a Europa (10.180.000 km²). Além disso, o País conta com realidades sociais muito diversas, mesmo dentro da mesma cidade. Sua extensão territorial é considerada, em muitos aspectos, um dos desafios a ser superado para a universalização do acesso ao saneamento básico até 2033, conforme previsto no Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB).

Atualmente, há mais de 100 milhões de pessoas sem tratamento de esgoto e cerca de 35 milhões de brasileiros sem acesso à água tratada no País. O novo Marco Legal do Saneamento (Lei 14.026/2020) tem como principal objetivo estruturar um ambiente de segurança jurídica, competitividade e sustentabilidade que possa transformar esse cenário. Para o Instituto Brasileiro do PVC (IBPVC), os avanços jurídicos e regulatórios abrem oportunidade para o segmento, já que o PVC é considerado o material com melhor custo-benefício na construção de infraestrutura de coleta e tratamento de água e esgoto.

“O PVC é um dos termoplásticos mais utilizados no mundo. O material está presente em cerca de 90% das tubulações de água e esgoto das instalações prediais. Na infraestrutura de saneamento e distribuição, está em 85% das tubulações de água e 60% das tubulações de esgoto”, afirma Alexandre de Castro, presidente do Instituto Brasileiro do PVC.

Quando exposto a substâncias ácidas, materiais corrosivos e até combustíveis, o PVC apresenta grande resistência química, sendo raros os casos de danos. Na comparação com outros materiais, como a cerâmica ou concreto, o termoplástico apresenta menor índice de problemas operacionais, como infiltrações e perdas por quebra ou rachadura.

Vale lembrar que o cloro, indispensável no tratamento de água, também é protagonista na construção da infraestrutura de entrega do saneamento básico. O PVC é um polímero clorado: é composto por 57% de seu peso em cloro (Cl) e 43% de eteno (C2H4), cujas características mais importantes para a aplicação em sistemas de distribuição de água e esgoto são: resistência física e química, longa durabilidade, facilidade de manuseio, baixo custo e possibilidade de reciclagem.

Das vantagens do material ao desafio de atender o mercado

O novo Marco Legal do Saneamento Básico está desencadeando uma série de leilões para a concessão dos serviços de saneamento básico, em todo o País. Em 2021, de janeiro a setembro, cinco grandes certames foram concluídos, enquanto o último trimestre do ano pode ter a realização de outros quatro, pelo menos.

O volume de investimentos realizados pelas empresas – públicas e privadas – que arrematarem os blocos de operação do serviço de saneamento básico deve ultrapassar a marca de R$ 700 bilhões, até 2033. Parte considerável do valor será, por característica da atividade, investida em tubos, conexões e outros materiais de PVC.

“No Brasil, a universalização do saneamento básico vai demandar mais de 130 mil quilômetros de tubos. Até 2033, para produzir todo esse material e tratar água e esgoto, o incremento na necessidade por cloro será entre 600 a 700 mil toneladas, anuais”, estima Maurício Parolin Russomanno, presidente do Conselho Diretor da Abiclor (Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados).

Em 2020, a indústria nacional de cloro produziu 786 mil toneladas, operando com 53% da capacidade instalada. Ou seja, o parque produtivo brasileiro tem capacidade para atender este incremento projetado. Do mesmo modo, há disponibilidade de cloro para acompanhar essa tendência de maior busca pelo material. O elemento é abundante na natureza e a principal fonte é o sal (cloreto de sódio – NaCl), seguido por minerais como a silvina (KCl) e carnallita (KMgCl3·6H2O). Ou seja, não faltam matéria prima e capacidade de produção para solucionar os graves problemas apontados pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento.

Alexandre de Castro, presidente do Instituto Brasileiro do PVC, destaca: “o cidadão deseja e merece ter esgoto tratado, independentemente se o operador é público ou privado”. Vale ressaltar, principalmente nesse momento de pandemia, os benefícios do saneamento básico para o sistema público de saúde. A Organização Mundial da Saúde afirma que, para cada dólar investido em saneamento, economizam-se quatro dólares em saúde pública.